O que é oratória?
Ernée Kozyreff Filho • 09/fev/2022
Ernée Kozyreff Filho • 09/fev/2022
Martin Luther King Jr. discursando para multidão em 1963.
Quando alguém fala a palavra oratória, o que você imagina?
Por muito tempo, a imagem que vinha à minha mente quando eu pensava em oratória era a de alguém fazendo um discurso para uma multidão, falando de forma enfática, gesticulando com as mãos e provocando forte comoção no público. Algo como Martin Luther King Jr. fazendo o famoso discurso em que repete várias vezes a frase “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”).
Essa imagem emblemática é, de fato, um exemplo legítimo do uso da oratória, mas ela representa apenas uma ocasião relacionada ao tema. O que pretendo mostrar neste texto é que a oratória está ligada a muitas outras situações, bem mais comuns e cotidianas. Para começar, vejamos a seguinte definição para essa palavra:
Oratória é a arte e a prática de falar em público.
Eu gosto da palavra “prática” nessa frase porque falar em público é como fazer um esporte. Se você quer aprender a jogar, não adianta ficar só lendo as regras e assistindo a jogos. Tem que entrar na quadra, no campo ou na piscina. E para aprimorar a oratória, é preciso ir lá na frente e falar. Ver vídeos e ler livros ajuda, mas não resolve.
E eu gosto também da palavra “arte”, pois somente aplicar técnicas não é suficiente. Se, num grupo de pessoas, todas usarem as mesmas técnicas para falar a mesma coisa, ainda assim teremos um discurso diferente do outro. A oratória está intimamente ligada a elementos humanos como entusiasmo, vontade e emoção! Como bem disse a campeã de oratória Lena Souza neste excelente discurso sobre timidez, medo, aceitação e confiança, cada um de nós tem o seu “jeitão” de se expressar. Então veja só que bacana: quando estamos falando para o público, somos, de certa forma, artistas. 🙂
Outro ponto interessante dessa definição sobre oratória é que ela não especifica se o público é grande ou pequeno, se a ocasião é formal ou informal, ou se a linguagem usada é rebuscada ou coloquial. Assim, se oratória é simplesmente o ato de falar em público, então ela é muito mais abrangente do que um dia imaginei.
Considere, por exemplo, estas situações:
1. Fazer a apresentação dos resultados trimestrais de sua empresa
2. Mostrar uma nova ideia na reunião com sua equipe
3. Defender seu trabalho de conclusão de curso
4. Falar sobre si mesmo numa dinâmica de grupo
5. Dar uma aula ou palestra
6. Contar uma história pessoal numa roda de amigos
7. Fazer um breve discurso num aniversário, casamento ou amigo secreto
8. Dar uma entrevista para a TV (ou outra mídia não escrita)
9. Gravar um vídeo explicando o que a sua empresa faz
Quantas destas situações você já vivenciou? E quantas acredita que irá vivenciar?
A oratória está presente em todas elas, inclusive as duas últimas, em que o público não está ali na sua frente, mas existe e pode ser gigantesco.
Eu já passei por todos os itens dessa lista, exceto o último, mas em breve já poderei riscá-lo, pois pretendo começar a gravar alguns vídeos para divulgar a Spark Oratória.
Voltando agora para o início deste texto e analisando a foto daquele discurso memorável de 28 de agosto de 1963, percebo como a imagem de grandeza e formalidade que eu associava à oratória trazia, para mim, um peso acima do normal toda vez que eu precisava falar na frente dos outros, e também como isso gerava insegurança e o famigerado medo de falar em público.
Enxergar a oratória como algo menos pomposo e mais próximo do dia a dia me fez entender que não tenho que falar como Martin Luther King Jr. (ou qualquer outro orador ilustre), pois tenho minhas habilidades, limitações, histórias e ideais próprios. E isso me ajudou muito a diminuir aquela ansiedade que surge antes de começar uma apresentação (e durante ela também). Bom, mas acho que isso é assunto para outro texto…
Aqui, o meu principal objetivo era destacar a importância da comunicação oral nas mais diversas áreas profissionais e até fora do mundo do trabalho. Mesmo que disfarçada com outros nomes, a oratória está amplamente presente em nossa vida e é uma habilidade que, sem sombra de dúvidas, vale a pena desenvolver.